Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa: revisão em Audiência Pública.


O Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, uma referência sobre o tema, passará por uma revisão e o IBGC receberá sugestões até o dia 31/1/23 (veja mais no link https://www.ibgc.org.br/destaques/audiencia-publica).


Pena que os grandes investidores, que deveriam aplicar com afinco os princípios e fomentar a propagação das boas práticas, negligenciem logo o 1º tópico do documento: “Por onde começamos - Ética como fundamento da governança corporativa”.


Cegueira deliberada? Ninguém vê que várias empresas listadas no Brasil foram vítimas de fraudes comandadas por acionistas majoritários e operacionalizadas por executivos “cordeirinhos”? E que o dinheiro desviado foi direcionado para o pagamento de propinas para políticos, como o famoso “Caranguejo”?


Será que a busca por rentabilidade torna esses investidores cegos, fazendo com que essas empresas continuem nos índices de liquidez da B3? Ninguém viu que: (i) a pujante petroquímica, verdadeiro poço de degradação moral, pagou nos EUA uma multa “parruda” (US$ 632 milhões) e o ex CEO foi em cana; (ii) a famigerada farmacêutica pagou R$ 110 milhões em acordo de leniência (ou saliência?) e ficou tudo limpinho de novo; (iii) a empresa aérea, figurinha repetida quando se pensa em controlador-trator-usurpador, pagou US$ 41,5 milhões lá fora, mas aqui deve fazer um acordinho com o Xerife, ou seja, nenhum acionista controlador será inabilitado; (iv) o controlador da empresa de concessões pagou R$ 235 milhões e a empresa, vítima desses abutres, pagou R$ 81,5 milhões.


É ético investir recursos de terceiros em empresas com controladores com essas fichas corridas?


Alguém compraria um carro usado de uma loja cujo dono já foi condenado por adulterar velocímetros?


Cadê o dever de fidúcia?


Abraços a todos,

Renato Chaves  

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