Pois é, a proposta constante da minuta de Instrução de reforma da ICVM
480 para tornar obrigatória a divulgação de indicadores de diversidade ficou um
pouco vaga, dá margem para as empresas não escreverem muito.
O item “14.1.a” da proposta obriga que as empresas passem a descrever: “número
de empregados (total, e por grupos, com base na atividade desempenhada e, na
por localização geográfica e em indicadores de diversidade, tais como gênero,
cor ou raça, faixa etária e outros que o emissor julgue relevantes)”.
Se a proposta passar caberá aos investidores
cobrarem mais transparência e menos
propaganda. Que indicadores serão utilizados? Não venham com o blábláblá “temos
representação feminina no conselho de administração”.... Queremos saber quantos
negros e mulheres ocupam cargos gerenciais.
Sempre repito o que foi dito pela professora do
Ibmec-Rio Silvana Andrade para entendermos o que ela chama de “teto de vidro” (https://exame.abril.com.br/carreira/por-que-as-mulheres-nao-chegam-ao-board/).
Quem não chega a gerente jamais será um diretor e quem não chega a diretor
dificilmente chegará a conselheiro, salvo “desvios oportunísticos”, como vemos
algumas mulheres que pertencem ao grupo familiar que controla a empresa
listada. Ou vocês acham razoável ter uma pedagoga com sobrenome nobre como conselheira
de administração titular de uma grande instituição financeira? Nada contra a
profissão de pedagoga, mas a atuação em uma instituição financeira certamente exige
habilidades pra lá de complexas: se eu fosse um pedagogo, biólogo ou bibliotecário
não aceitaria um convite desses...
Fiquei feliz em ver que essa e outra sugestão que apresentei na reforma
de 2017 (Audiência Pública SDM 10/16) e que foram recusadas à época porque,
apesar de meritórias, “entendeu-se que o mais adequado é que eles sejam
analisados em novo projeto normativo, de forma a propiciar uma discussão mais
ampla com o mercado e a oportunidade de todos os interessados na informação
opinarem sobre sua revisão”, foram incluídas na nova proposta.
Mas reforço a necessidade de participação na Audiência Pública, pois
sabemos que a turma do Darth Vader irá fazer de tudo para impedir avanços na
transparência.
Abraços fraternos,
Renato
Chaves