Conselhos de Administração caros e inchados, CEOs fujões... quem paga a conta é o acionista.

 


O momento é propício para a discussão. A temporada de assembleias vem aí e até nos EUA a revolta os investidores já se torna visível. Quem diria que o topo poderoso Tim Cook seria questionado um dia? (veja no link https://noticias.plu7.com/173852/internacional/iss-pede-que-acionistas-da-apple-votem-contra-bonus-do-ceo-cook/).... Olha o “S” do ESG aí minha gente !!! Sem o glamour do “E” e do “G”, mas igualmente importante.


Pois bem, por aqui vemos conselhos de administração inchados, com até 11 membros, o que os torna colegiados improdutivos. Ou vocês acham que uma reunião repleta de “estelares” com voos marcados para 18h27 pode ser produtiva? Imaginem o duelo de egos de conselheiros que se acham semideuses com CEOs napoleônicos. E as imorais remunerações diferenciadas de presidentes de conselho? Qual o valor agregado por um chairman que ganha exatos R$ 12.878.285,10 no ano? Desafio a me apresentarem uma planilha com indicadores que justifiquem esse ganho galáctico, que chega a superar facilmente em mais de 2.000% a remuneração de outros membros nesses conselhos (veja na postagem de 17/9/21 no link https://www.blogdagovernanca.com/2021/09/remuneracao-de-presidentes-de-conselhos.html).


Juntamos as remunerações dos inúmeros comitês de assessoramento e a conta vira um orçamento à la Real Madrid com seus jogadores galácticos. Tenho a impressão que, em conselhos com membros estalares, a quantidade de comitês de assessoramento é maior. Parece que esse pessoal não gosta de meter a mão na massa.


O número ideal para um conselho de administração? Sete membros. Um número construído somente com observações, sem qualquer rigor científico. Mais do que isso vira colegiado inchado para acomodar interesses particulares de grandes acionistas, controladores e não controladores.


E os CEOs que assumem cargos de conselheiros em outras empresas, roubando horas preciosas de seu tempo de executivo? As régias remunerações pagas pressupõem dedicação integral ao cargo, 24x7 mesmo, e a justificativa mais ouvida por aí – ele poderá trazer negócios para a nossa empresa – chega a ser risível. Boas conexões comerciais podem nascer de relacionamentos entre executivos, é verdade, mas não necessariamente dentro de conselhos. Um almoço no Itaim ou um encontro casual no Iate Clube de Angra provavelmente trarão mais negócios do que um CEO de empresa de aviação trancado em salas de reuniões de uma empresa que mata frangos e porquinhos. Além disso, todo CEO de grande empresa tem uma visibilidade que lhe permite interagir facilmente com outros CEOs, sem precisar mostrar “cartãozinho de visita” de conselheiro de administração.


Abraços fraternos,

Renato Chaves

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