Empresas corruptoras e a abordagem das auditorias externas.

 

Ao pesquisar todos os pareceres de auditorias externas nas empresas que compõem o Ibovespa, me surpreendi com o tratamento dispensado ao tema corrupção.


Reparem no quadro abaixo que somente uma empresa recebeu ressalva em sua demonstração financeira, apesar da situação similar em todas elas, com ex executivos tratando com autoridades delações/acordos de não persecução civil/acordos de leniência que ajudarão a esclarecer o tamanho de cada esquema de corrupção.


 

Empresa*

Status do parecer do auditor

Auditor externo

Pequenas moedinhas, grandes propinas para alçar voos mais altos

Com ressalva

KPMG

A empresa do eteno que faz a terra tremer

Parágrafo de ênfase

Grand Thornton

Alcatra de 1ª

Parecer “limpo” – somente a menção como PAA – Principais Assuntos de Auditoria

Grand Thornton

Comprimidos que trazem alívio

Parecer “limpo” – somente a menção como PAA – Principais Assuntos de Auditoria

PwC

Pequenas moedinhas, grandes propinas (com imigração)

Parecer “limpo” – somente a menção como PAA – Principais Assuntos de Auditoria

PwC

* As empresas tiveram seus nomes preservados/fantasiados para evitarmos retaliações jurídicas contra o Blog, sugestão de um grande amigo advogado vascaíno-niteroiense. Usem, por favor, a criatividade para inferir os nomes ocultados.


Ou seja, uma única firma de auditoria fez “jogo duro”, carregando na tinta, com as demais auditorias variando entre 2 graus de miopia (parágrafo de ênfase) e 5 graus, colocando o assunto como PAA.


Fica a provocação para os investidores: depois da leitura do trecho do parecer do auditor que usou mais tinta, não bate um friozinho na barriga com o potencial de estrago futuro – perda certa, só não se sabe o tamanho do rombo? (texto extraído do parecer depositado na CVM “no momento, não é praticável determinar se há perda provável decorrente de obrigação presente em vista de evento passado e nem fazer uma mensuração razoável quanto a eventuais novas provisões passivas sobre este assunto nestas demonstrações financeiras. Consequentemente, não foi possível determinar se teria havido necessidade de efetuar ajustes e/ou divulgações adicionais nas demonstrações financeiras individuais e consolidadas em 31 de dezembro de 2020 e informações correspondentes divulgadas para fins de comparação”)


Definitivamente, temos algo de podre nos acostamentos/curvas, fábricas fétidas, pastos e farmácias desse Brasil, tudo no índice Ibovespa, ou seja, os investidores esquecem o discurso “blábláblá ESG/ASGI” e compram esses papéis para reproduzir o índice.


Abraços fraternos,

Renato Chaves

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