Assembleias no Brasil: quem tem medo do acionista?
Participar de assembleia
no Brasil exige paciência e certo grau de resiliência. Bem diferente em outros
países: neste exato momento, 11h56 do dia 06/5, a famosa Berkshire Hathaway
transmite a sua assembleia anual ao vivo, via WEB, para o mundo !!!
Isso porque os
Administradores tupiniquins veem as Assembleias como uma rotina burocrática, um mal
necessário, um suplício que deve obedecer a um roteiro de filme curta metragem.
Esquecem, ou fingem esquecer, que a Lei 6404/46 prevê, por exemplo, a discussão
das demonstrações financeiras... Uma pergunta é encarada como uma afronta de um
investidor “encrenqueiro”. Fogem de debate como a bola foge dos pés do atacante
Roger, do meu querido Glorioso.
O acionista tem que ter paciência
antes, para preencher/rubricar e digitalizar folha por folha de boletins de
voto que poderiam ser hospedados em uma plataforma eletrônica. Parece má
vontade dos agentes de custódia e empresas... e é.
Paciência durante, para
esperar horas de atraso no início dos trabalhos e outras tantas horas para
assinar uma ata que não diz nada, uma “síntese resumida” redigida na forma de
sumário já que todos os presidentes de assembleia tem receio de redigir uma ata
de inteiro teor. Medo de escrever demais? E isso tudo trancado em um auditório
só com café/biscoito maisena/bolacha creme craker.
Resiliência para suportar
o desdém de um presidente de assembleia, desses advogados famosos, ao
questionar uma variação de 60% em provisões trabalhistas: “são valores
insignificantes para o tamanho da Cia”, esbravejou. E olha que o assunto foi
identificado como PAA pela auditoria externa !!!
Paciência com os
Administradores que, como quase sempre, entram mudos e saem calados das
assembleias. E pior, mesmo com remunerações galácticas, usam dinheiro das Cias
para contratar esses experientes advogados porque tem ojeriza de comandar as
assembleias. Pra que serve mesmo o Presidente do Conselho de Administração? Cadê
os outros conselheiros? E o Diretor Jurídico? Como diria o Evaristo, antigo personagem
do querido Jô Soares: “não é comigo, não me comprometa”.
Por fim, ouvir de
brilhantes advogados que os executivos não publicam informações sobre
remuneração por “ordem judicial” dói nos ouvidos. Pelo jeito terei que levar
Engov na mochila, além de bananada e barrinha de cereal !!!
Haja paciência pra tamanha
sapiência, ou melhor, esperteza.
Abraços a todos,
Renato Chaves
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