Conselho de Administração com participação nos lucros/bônus é uma boa prática?
Praticado por 14% das empresas do Ibovespa (12 entre as 84
empresas que compõem o índice – ref. 2024 com item 8.2 dos formulários de
referência publicados em 2025), o pagamento de participação nos lucros/bônus/outros
valores variáveis para conselheiros de administração é um tema controverso. Parece
razoável ter mais de 80% da remuneração de um Conselho vinculada ao lucro ou outros
valores variáveis?
Afinal, quais as métricas serão usadas tornar o conselho elegível
a receber uma parcela dos resultados? Quem analisa o cumprimento de metas e
autoriza o pagamento, o próprio Conselho? E essa distribuição é igualitária, ou
os conselheiros ligados ao grupo de controle recebem mais? Seria uma forma
criativa de distribuição disfarçada de lucros?
O que chama bastante a atenção é que em alguns casos os valores pagos
representam mais de 50% do valor total pago aos conselheiros, ou seja, valores bem
superiores aos valores pagos na forma de pró-labore.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO |
PRO LABORE |
PART RESULTADO/BONUS/outros
valores variáveis |
REMUNEAÇÃO TOTAL do CAdm |
bonus x remuneração total |
BRADESCO |
27.007.200,00 |
26.782.800,00 |
54.580.812,00 |
49% |
BRAVA |
3.339.504,00 |
9.830.000,00 |
18.350.892,00 |
54% |
DIRECIONAL |
1.870.000,00 |
872.499,67 |
2.742.499,67 |
32% |
ENGIE BRASIL |
6.148.403,67 |
82.905,58 |
6.546.122,54 |
1% |
GRUPO NATURA |
5.036.557,00 |
52.624,00 |
14.719.064,00 |
0,36% |
HAPVIDA |
19.293.375,00 |
24.865.286,38 |
60.441.848,42 |
41% |
IGUATEMI S.A |
3.659.966,00 |
3.563.292,00 |
11.243.166,00 |
32% |
MINERVA |
4.200.000,00 |
639.058,07 |
9.784.303,49 |
7% |
PORTO SEGURO |
2.657.859,84 |
16.426.856,44 |
20.167.619,28 |
81% |
RAIZEN |
50.754.353,59 |
19.565.672,47 |
70.320.026,06 |
28% |
REDE D OR |
23.696.920,00 |
30.553.647,00 |
54.255.030,00 |
56% |
WEG |
2.038.734,00 |
7.224.533,00 |
10.510.166,00 |
69% |
Vamos lá, o objetivo desse amplo levantamento sobre remuneração e
práticas ESG não é esmiuçar a remuneração de cada empresa, pois não teria
“braço” para fazer sozinho essa análise, mas sim permitir que investidores
identifiquem eventuais discrepâncias nas empresas onde investem ao compará-las
com outras de porte semelhante e possam atuar para que eventuais desvios sejam
corrigidos.
Abraços fraternos,
Renato Chaves
Ótima discussão Renato. Mas entendo que traz um tremendo risco e uma questão: se tanto CA como Diretoria tem os mesmos incentivos (e riscos), para que precisaríamos do CA?
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