Controladores contrariados partem para a guerra de narrativas.


Estou gostando do debate.

De um lado os poderosos controladores, com suas insatisfações e frustações, típicas de meninos ricos, garotos mimados que não sabem lidar visões diferentes das suas. Para eles qualquer movimento de acionistas minoritários é visto como uma ameaça, daí tratarem pejorativamente tentativas de eleição fora do grupo de controle como sendo um movimento de “um mercado de conselheiros profissionais”. Ok, o que dizer então das irmãs, irmãos, primos e tias que povoam alguns conselhos de instituições financeiras e grandes indústrias controladas por famosas famílias, por exemplo. Tem gente formada em pedagogia, tem cineasta, tem até bailarina. Nada contra essas profissões, mas imagino a dificuldade que tais conselheiros devem ter na leitura de uma demonstração financeira.

A proposta de “modernização” das regras do Novo Mercado é um bom exemplo dessa postura retrógada dos acionistas controladores, tão comum em mercados como o nosso, “em (eterno) desenvolvimento”. Conselho de Administração com 50% de independentes? Só se for por cima dos cadáveres dos quatrocentões da Faria Lima...

A cirúrgica resposta ao artigo do ilustre ex-presidente da CVM, Dr. Marcelo Trindade (https://valorinveste.globo.com/blogs/marcelo-trindade/coluna/as-assembleias-em-2025-e-2026.ghtml), veio do lugar esperado: a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), por intermédio do seu presidente-executivo Fabio Coelho (artigo disponível no link https://valorinveste.globo.com/blogs/fabio-coelho/coluna/data-venia-para-divergencias.ghtml).

Defender que os candidatos “independentes” passem por um processo de escrutínio prévio da companhia, inclusive quanto à sua lealdade ao interesse da empresa, é algo ditatorial, um assombro democrático como nos afirma Fábio Coelho em seu artigo. Diz ele: “Mal comparando, seria como defender o retorno do voto indireto e dos colégios eleitorais. É anacrônico, no mínimo.”

Quem frequenta assembleias sabe muito bem distinguir as empresas cujos controladores morrem de medo de um debate franco e por isso contratam caríssimos escritórios de advocacia para conduzirem os encontros com mãos de ferro. Eu diria que os presidentes de conselhos e os respectivos CEOs não querem sujas as mãos.

Ah que inveja de um Warren Buffett. Mas isso é assunto para uma próxima postagem.

Abraços fraternos,

Renato Chaves

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