Inventaram o CEO de meio período.
Quando investidores aceitam pagar pesadas botijas com milhões de
reais para a contratação de um CEO-estrela eles esperam o executivo faça a
diferença, que sua dedicação seja de 25 horas diárias.
Quando o CEO usa o seu precioso tempo para participar de reuniões
de conselhos de outras empresas ele está literalmente roubando investidores,
com o único objetivo de aumentar a sua rede de relacionamento sem gastar um
tostão, e em alguns casos até recebendo gordas remunerações como conselheiro.
Será que o acionista concorda que o CEO fique borboleteando por aí a busca de
novos contatos e oportunidades, quem sabe até outra posição?
Aliás, o
CEO consultou formalmente o conselho de administração antes de aceitar ser
eleito para o conselho de administração de outras empresas? Existe um limite? A
desculpa que é só uma saída rapidinha, ocupa pouco tempo, só uma tarde...
Desculpas como essas não colam, afinal por vezes a empresa que o convidou é
maior do que a empresa onde ele atua como CEO....
A
empresa onde você investe vai ganhar algo com essas “fugidinhas frequentes” do
CEO ou o único beneficiário será o próprio, aumentando sua teia de contatos?
Vejam o caso do CEO da Oi, Mateus Affonso Bandeira.
Segundo o formulário de referência depositado na CVM ele é membro
do Conselho de Administração da Vibra Energia desde setembro de 2019, da
Intelbras desde março de 2022, da Marcopolo desde março de 2022, da V.tal –
Rede neutra de telecomunicações S.A. desde janeiro de 2023 e membro
independente do Conselho de Administração da CVC Corp, desde agosto de 2023
(P.S.: alertado por uma atenta leitora do Blog verifiquei que o ilustre CEO
deverá ser indicado para o conselho de administração da Sabesp... tarefa
tranquila, digna de um bon vivant).
Coitada da secretária que organiza a agenda desse ser diferenciado...
Executivo com 5 conselhos de administração, deve sobrar tempo na agenda para
uma partidinha de beach tennis (de 2 sets), não é?
Mas temos um bom exemplo: o próximo CEO da Sabesp já noticiou que
vai abandonar as 4 posições de conselho antes de assumir o enorme desafio que
terá pela frente (https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/para-assumir-sabesp-piani-vai-deixar-conselhos-de-ambipar-e-equatorial.ghtml?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=pipeline).
Abraços fraternos,
Renato Chaves
Raciocínio análogo se aplica a Ministros de Estado que são colocados em Conselhos de Empresas Estatais ou de empresas em que fundos de pensão de sociedades de economia mista são acionistas para ficarem mais bem relacionados e complementarem suas remunerações. O sálário desses ministros é pago pelos contribuintes para que se dediquem integralmente ao governo. Só que os contribuintes tem pior situação que os acionistas: Nem o o STF os protege, pois manteve a Lei das Estatais, mas jogou no lixo o seu enforcement. Com isso reinforça uma máxima coloquial brasileira "leis não são para serem cumpridas". Aliás, o cumprimento é exigido dos seus inimigos.
ResponderExcluirConcordo caro leitor, o conceito deve valer para executivos do setor público e do setor privado. No exemplo em questão vemos um CEO atuando em SEIS conselhos; não deve sobrar tempo nem para beijar as crianças antes de dormirem. O uso indevido de recursos de uma empresa listada (o valioso tempo do executivo) deve ser denunciado à CVM, assim como o eventual desvio de função de um servidor público deve ser denunciado à CGU, SMJ. Um forte abraço. Renato Chaves
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