O recado dos boletins de voto à distância para os executivos.



Parece que a ficha não caiu*.

Isso porque os altos índices de rejeição revelados pelos “mapas consolidados de voto à distância”, depositados no site da CVM, deveriam fazer conselhos de administração e executivos repensarem a estratégia de deixar a transparência na sarjeta, ao não informarem as remunerações no padrão exigido pelo nosso querido xerife. Reprovação por maioria na Vale (80,4% dos votos por boletim !!!), Cielo (74,5%), Duratex (73,7%), Iguatemi (65,9%), CCR (73,7%) e Tim (57,6%), além de altos índices de votos contrários na Sul América (38,6%) e Embraer (47,5%).

Executivos apostam na demora da nossa Justiça, que levou um ano só para distribuir a ação na 2ª Instância (!!!) e mantem o processo dormindo candidamente em bolorentas gavetas desde 2014 !!! Essa demora desmoraliza o nosso mercado de capitais, especialmente perante investidores estrangeiros.

Em qualquer empresa minimamente preocupada com seus investidores uma reprovação de mais de 20% dos acionistas votantes por boletim seria entendido como uma admoestação, um puxão de orelha antes da assembleia.

E olha que não é por falta de aviso, já que as grandes empresas de recomendação de voto (ISS e Glass Lewis) divulgaram relatórios sugerindo a reprovação de propostas em empresas que sonegam, por vontade própria, as informações exigidas no item 13.11 do Formulário de Referência (lembrando que a decisão judicial não obriga ninguém a não divulgar - só impede a CVM de punir quem não divulga). Até o nano investidor que escreve essas tortas linhas, inspirado pelos ares de Copacabana, fez o alerta diretamente aos presidentes de conselhos de administração das mais importantes empresas brasileiras (vide postagem de 30/3 - http://www.blogdagovernanca.com/2018/03/carta-de-um-pequeno-nano-investidor.html).

Abraços a todos,
Renato Chaves

* para quem tem menos de 40 anos explico que a expressão “a ficha não caiu” era usada para caracterizar a não conclusão da chamada telefônica feita em telefones públicos (os orelhões) que funcionavam com colocação de uma ficha metálica. (https://super.abril.com.br/blog/oraculo/qual-e-a-origem-da-expressao-caiu-a-ficha/).

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