Quanto vale a reputação?

O sambinha do irreverente bloco de rua carioca “Charme da Simpatia”, cantarolado na década de 80, dizia assim:

“Eu vesti roupa o ano inteiro,
Eu fui direito,
Tive até reputação.... reputação !!!”

Agora, queridos leitores, compare o singelo sambinha com a seguinte manchete: “J.P. Morgan tenta recuperar reputação com acordo histórico” (jornal valor do dia 21/10/2013). Valor do “acordo”: US$ 14 bilhões (bilhões mesmo !!!) para “resolver acusações civis apresentadas pelo Departamento de Justiça e a Agência Federal de Financiamento Habitacional dos EUA”. Tradução para o termo “resolver”: encerrar/engavetar os processos, sem confissão de culpa....

E o que o caro leitor acha do caso de uma renomada empresa de auditoria que pagou US 99 milhões para “encerrar uma ação coletiva que acusava a firma de auditoria de enganar investidores ao aprovar os balanços do banco Lehman Brothers antes de sua quebra, em 2008” (jornal Valor de 21/10/2013)? O comercial das Casas Bahia diria: tá barato pra caramba.

E, por último, a manchete que ajuda a pavimentar todo tipo de acordo para proteger essas grandes instituições e seus dirigentes arrogantes, incompetentes e, acima de tudo, gananciosos: “Reputação é valor jurídico subjetivo, mas deve ser verificado com rigor” (jornal Valor do dia 5/11). Hahahahaha... Mas quem vai verificar, cara pálida? O mesmo procurador que propõe um acordinho de milhões que compra de volta a reputação? E pela lei de mercado, se alguém compra é porque tem alguém para vender....

É melhor mesmo ir junto com o Charme da Simpatia, cujo trecho final do sambinha dizia assim:

“E se você não aceitar,
Essa minha resolução,
Deixe isso para lá
Aproveite o visual,
Que eu tô muito doidão: quero ficar peladão”.

Pois é, os reis estão todos nus.

Abraços a todos e uma boa semana,

Renato Chaves

Comentários

  1. Porque não existiu uma discussão sobre o não exercicio do put contra o Eike ?
    E o papel dos conselheiros independentes que prejudicaram os minoritários em favor do controlador ?

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  2. Renato, sensacional! só você desmistifica o "Deus" mercado, ninguém na imprensa faz o que você faz nesse singelo espaço. Não desista nunca. Bj!

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