Às favas com a integridade, o que vale é a rentabilidade.
Uma notícia que passou desapercebida - a volta dos irmãos-metralha
para o conselho de administração do Grande Açougue das 3 letrinhas – reforça o
sentimento que o crime compensa no nosso mercado de capitais.
Enquanto nosso regulador mais parece a justiça espanhola (não quer
justiça, quer dinheiro com seus terminhos de compromisso – essa turma do Grande
Açougue já pagou quase R$ 12 milhões para engavetar uma acusação na Rua Sete de
Setembro), os investidores, incluindo o bancão de investimentos socias da Av.
Chile, fingem não ver a volta da “turma de práticas não republicanas” (sempre
na garagem, não é Michel?) para o conselho de administração de importante
empresa listada e usam o discurso sobre flatulência dos bovinos para desviar o assunto
(e viva as práticas ESG do grupo !!!); na prática continuam investindo no
açougue devido à sua participação no índice Ibovespa (1,188%) e a boa
rentabilidade (não tem muita liquidez porque 70% do capital está na mão da “famiglia”
+ banco social da Av. Chile).
Segundo um amigo “legalista” a dupla já acertou suas contas com a
justiça e com a CVM, ou seja, os irmãos estão limpos na praça.
Como é que é? E o tal de dever fiduciário? Gestão de riscos? E o conceito
de Stewardship?
Quando me deparo com esse argumento sempre lembro do Aderbal, personagem
criado em 2023 para ilustrar um pouco essa hipocrisia dos agentes do nosso “mercado”
que serve para justificar a compra de papéis “sujos” (https://www.blogdagovernanca.com/2023/03/por-que-essa-implicancia-com-empresas.html):
“Então vamos falar do Aderbal, nome fictício de um
conhecido vendedor de carros na Avenida Intendente Magalhães, que liga o
lendário bairro de Madureira ao Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. Sim, um nome
fictício para o “empreendedor” porque ninguém ousa falar o seu nome real em
vão.
Pois Aderbal, a exemplo de empresas listadas
corruptoras, usava em seu negócio práticas não republicanas, adulterando os
velocímetros dos carros à venda.
Pego pela polícia, “pagou” 3 anos em Bangu.
Quite com a Justiça, assim como as empresas
listadas corruptoras, Aderbal voltou a “explorar” o negócio de venda de carros
usados.
Feita essa divagação eu pergunto: você ousaria
entrar na loja do Aderbal para adquirir um carro?
Se a resposta é não, pergunto por que você compra
ações de empresas corruptoras, como a companhia aérea e a farmacêutica, e
aceita sentar-se na mesma mesa com os “Aderbais” do mercado de capitais?
Não estou falando de “punitivismo”, moralismo
barato, mas de avaliação de riscos, dever fiduciário.”
E aí, o Aderbal merece a mesma credibilidade que a turma do
açougue?
Abraços fraternos,
Renato Chaves
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