CVM: o ombro amigo, a mão que afaga.

Saiu o Relatório de Gestão CVM 2022 (disponível em https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/noticias/atuacao-normativa-e-destaque-no-relatorio-de-gestao-cvm-2022). Devo ser um dos poucos no mercado que lê esse tipo de documento....

Destaque positivo para a atuação normativa, reflexo de uma área técnica atenta e competente, apesar da escassez de mão de obra. Por outro lado, destaque negativo para a atividade sancionadora, por conta da pureza exacerbada do Colegiado.

Diz a divulgação oficial: “com relação aos julgamentos, vale destacar que, em 2022, foram 214 acusados analisados pelo Colegiado da CVM, dos quais 133 foram punidos, ou seja, 62% do total sofreu penalidades, enquanto 34% foram absolvidos". Pesquisei nas 165 páginas   do Relatório e a palavra "inabilitação" simplesmnete não aparece. Parece que se trata de um termo proibido na Rua Sete de Setembro.

Fácil de entender por que o acionista controlador que manda executivos-capachos desviarem milhões de reais para o pagamento de propinas respira aliviado com um terminho de compromisso no bolso (o caso da farmacêutica). Se fosse um julgamento sério o meliante amagaria 20 anos de inabilitação. Fica a dúvida se o Colegiado se deparou com um bando, uma quadrilha ou organização criminosa (dúvida ingênua de um não advogado).

Lá fora a SEC é criticada por sua atuação pífia no caso Madoff (da série da Netflix: “A SEC continua a rugir como um rato e morder como uma pulga”). Por aqui é pior, pois nosso sonolento Xerife sequer morde. É sempre um ombro amigo, a mão que afaga.

Abraços fraternos,

Renato Chaves


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