Perdeu dinheiro com X, Y ou Z? Não adianta culpar a governança corporativa...

O colapso de certo empreendimento sediado na Cidade Maravilhosa trouxe à tona a discussão sobre como uma empresa listada no segmento máximo em termos de boas práticas de governança corporativa pode virar “pó”? As ferramentas de proteção falharam?

Convidado pela rádio CBN para falar do tema hoje (é possível ouvir a entrevista em http://cbn.globoradio.globo.com/programas/revista-cbn/2013/07/06/MECANISMOS-DAS-EMPRESAS-DE-EIKE-BATISTA-NAO-SAO-GARANTIA-DE-BOM-NEGOCIO.htm), procurei reforçar a idéia de que os mecanismos de governança corporativa não têm a função de eliminar os riscos de implantação de um negócio. Ajudam a monitorar a execução, com transparência e equidade entre os investidores. Mas o investidor deve, antes de tudo, avaliar qual o nível de risco que está disposto a correr. É simples: investir em uma empresa recém criada para descobrir/extrair petróleo é muito, mas muito mais arriscado do que comprar ações de um banco que está no mercado há mais de 50 anos, conservador, que explora uma atividade conhecida por todos há séculos (nos explora, hehehe).  Fases diferentes na vida de uma empresa também carregam riscos diferenciados: quem investiu na abertura de capital do Wal- Mart em 1970 (IPO de somente US$ 4,95 milhões), quando a empresa tinha pouco mais que 30 lojas e estava endividada, certamente correu um risco infinitamente maior do que o investidor que compra hoje as mesmas ações (a empresa já chegou à marca de 10.800 lojas com diferentes bandeiras com faturamento de incríveis US$ 466 bilhões – maior que o PIB da Áustria).

Quanto à atuação do regulador, parece que não ouve omissão ou demora. O processo administrativo deve seguir um rito, sob pena de não ter validade. As twittadas do topetudo deveriam ter sido proibidas imediatamente, pois criavam expectativas por meio de um veículo não oficial de divulgação de informações da empresa? Concordo, tanto é que escrevi sobre isso na postagem de 28/4. Twitter é para falar da balada, do carrinho novo do filhinho ou da nova namorada (da amante não dá para falar por razões óbvias). A não ser que se crie um link direto para depósito de todas as twittadas privadas do CEO nos sites oficiais.

No mais, caro investidor, quer moleza? Compra ação de empresa de cerveja em época de Copa do Mundo... Mas compra o líquido também, pois ajuda na receita e se a ação cair você já está de porre para afogar as mágoas.

Abraços a todos e uma boa semana,

Renato Chaves

Comentários

  1. Renato, tudo certo menos a parte do twitter, que não serve só pra balada. Twitter, bem como outras ferramentas das tais "mídias sociais" são isso mesmo, ferramentas, e devem ser utilizadas pelas empresas com o mesmo cuidado recebido por meios como telefone, site, fax (minha concessão aos mais tradicionalistas), etc.

    Determinada informação é relevante (material)? Deve ser tornada pública (se é que deve) somente pelo rito determinado pelo regulador. E depois disso, deve ter a mais ampla divulgação, por todos os meios disponíveis para conseguir este objetivo.

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  2. Caro Luis Fernando, agradeço o seu comentário.
    Permita-me discordar, pois além da questão "alcance da mensagem" - não são todos os investidores que seguem o Sr X no Twitter, por exemplo - avalio que é praticamente impossível escrever algo relevante para o negócio em apenas 140 caracteres. E se cada conselheiro e cada diretor postar mensagens no Twitter, o investidor terá que seguir todos? E o DRI, como fica nessa história?
    Um abraço,
    Renato Chaves

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    1. Me parece que falamos a mesma coisa, Renato. Se a companhia tem um processo de divulgação de informações robusto, com cultura de respeito pela confidencialidade e cuidado no trato de informações materiais não públicas, as ferramentas utilizadas quando for o momento correto de fazer a divulgação são uma questão de conveniência.

      Se, contudo, essa cultura não existe, não adianta bloquear twitter, facebook, email, sms ou recolher os celulares na portaria. Os vazamentos e divulgações "acidentais" vão ocorrer no vestiário do Country, no restaurante da Oscar Freire, na padaria da esquina. E nesses casos o DRI fica segurando na brocha. Como sempre.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Caro Luis, só gostaria de reforçar a ideia de uma Política de Divulgação de Informações mais impositiva, que proíba o uso de ferramentas pessoais para divulgação de opiniões sobre a empresa. Vazamentos por "conversas" sempre poderão ocorrer, mas o Administrador deve estar ciente que se usar o Twitter para criar expectativas no mercado, mesmo sem querer, ele será punido. O uso desse tipo de ferramenta por empresas deve ficar restrito à campanhas promocionais, sob risco das empresas perderem completamente o controle sobre informações relevantes. Um abraço, Renato Chaves

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  5. Todo grupo que se propõe a abrir o leque de negócios que são de maturação de longo prazo e risco importante, de forma tão abrangente, em tão pouco tempo deve ser analisado e avaliado com muito critério e com muito cuidado. A distribuição de bônus no volume tão alto como foi feito com a visão de curto prazo e o rodízio constante de executivos do alto escalão também chamaram a atenção de quem já tem alguns anos de experiência neste mercado, mas infelizmente não seguram aqueles mais desinformados que investem com base em "dicas" e os pequenos investidores. Lamentável! O uso de ferramentas de divulgação de informações de forma atabalhoada e sem critério definido, sem acompanhar as orientações como as do CODIM e regras de mercado também atrapalham muito. Tudo isso sem falar em má fé! Abraços, Haroldo Levy

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  6. Haroldo, perfeito o seu comentário. Eis que agora os "investidores" da manada que adora "dicas" quer instalar conselho fiscal !!! Será que vão descobrir os gastos com transporte do Eric?
    Um abraço,
    Renato Chaves

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