Fraudes corporativas: lavou, tá limpinho de novo.


No apagar das luzes de 2016 (já foi tarde) foi noticiado que uma gigante da petroquímica mundial, empresa brasileira com sede no charmoso Estado da Bahia, fez acordo com a justiça para encerrar processo que apurava o pagamento de propina para executivos de um famoso fornecedor de matéria prima.

As notícias revelam que o volume negociado no acordo, de US$ 957 milhões em suaves prestações, equivaleria a 11% do valor de mercado da Cia !!! Mas não é que o mercado adorou a notícia, já que previa um tombo maior?

Acordo feito, prejuízo no bolso dos acionistas, óbvio, mas como ficam os executivos, mentores/executores ativos do ardiloso esquema de corrupção? Resolveram a questão com a sociedade/justiça ao assinarem o acordo, mas como receberam ao longo dos anos milhões em participação nos resultados* pelo “bom desempenho” não resta dúvida que estamos diante de um caso de (outra) fraude contra os investidores... E agora, não sofrerão nenhuma “punição”? No máximo ficarão barrados para entrar na Disney e na Big Apple? Continuarão livres para atuar como Administradores de empresas listadas? Vale lembrar que a grana do acordo sai do caixa da empresa, penalizando o investidor.
Para piorar a situação dessa turma surgem notícias (jornal Valor de 3/1/17) de que tais executivos desviaram recursos destinados à propina. É o desvio do desvio !!!

* Foram R$ 15,5 milhões em 2016, R$ 18,1 milhões em 2015, R$ 15,5 milhões em 2014, R$ 13,9 milhões em 2013, R$ 11,4 milhões em 2012, R$ 11,7 milhões em 2011, R$ 13,6 milhões em 2010 e R$ 12,6 milhões em 2009 (informações dos Formulários de Referência), total de R$ 112,3 milhões.

E você, investidor amigo, ficaria tranquilo ao saber que a empresa onde você investe é comandada por um ex participante de uma quadrilha de colarinho branco/caneta Mont Blanc? Com a palavra os grandes investidores da Cia (tem fundo de pensão na parada...), que deveriam agir em nome do dever fiduciário. Eu já solicitei providências pra turma da Praia de Botafogo...

Penso que seria “educativo” obrigar essa turma, que causa inveja ao inocente Dick Vigarista, a devolver pelo menos tais participações em resultados, considerando que o “bom desempenho” está ancorado no histórico fraudulento das operações da Cia. Além de uma inabilitação pelo mesmo tempo de participação no “esquema”: trabalhou 5 anos no setor de propinas? 5 anos de inabilitação. Trabalhou 10 anos, 10 anos de geladeira...

Mas não me surpreenderia ver a empresa receber, em futuro não muito distante, prêmios de boas práticas governança ou pela excelência de seus relatórios financeiros, sendo seus executivos listados no rol de “homens do ano de um grupo de líderes empresariais”, desses que desfilam em Comandatuba e cercanias (parece que a Bahia atrai essa turma de fraudadores – deve ser o acarajé de Dinha).... Basta contratar um COCCIe (sigla que inventei = Chief Officer de Compliance, Controles Internos, etc – traduzindo “cara chato que fiscaliza a coisa toda e perfumarias”), o que parece que já foi feito, e publicar no jornal Valor um pedido de desculpas emotivo à nação brasileira, cheio de lágrimas de crocodilo. Não vale publicar no Correio da Bahia.... e tem que ser de página inteira, preferencialmente fonte Arial 14 com fundo colorido, para causar boa impressão nos incautos leitores.

“Haja assepsia pra tamanha hipocrisia”, já dizia um certo poeta baiano, cujo nome já não lembro mais... Um desses que vagueia trôpego pelas ruas Eteno e Hidrogênio com a sua surrada mochila Deuter-1999 exigindo menos S e mais O2 na atmosfera. Recado que serve também para a turma de Wolfsburg, diante do rombo de US$ 18 bilhões em acordos da gigante alemã que fabrica carros fraudados... Ou seja, o mundo corporativo fede em alemão, assim como fede em “bahianês”.


Purificar o Subáe, mandar os malditos embora.... já dizia Caetano antes mesmo de morar no Leblon. Inabilitação neles !!!

Abraços a todos,
Renato Chaves

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