Temporada de balanços, a festa na SUIPA e a falta de coragem dos “ativistas”.



Pois bem, mais um ano de dinheiro das empresas transformado em papel jornal que só serve para recolher cacaca de cachorro na Sociedade Protetora dos Animais (SUIPA). Pelo menos é esse o destino de pilhas de balanços publicados nessa época do ano que recebo com a assinatura do Valor.

Em plena era da conectividade falta disposição para encarar o problema. E é aí que entra o IBGC. A proposta de mudança da Lei jamais partirá do regulador, que não é louco de afrontar a Imprensa Nacional. Também não devemos esperar muito da associação de empresas de capital aberto, pois comprar uma briga aberta com a imprensa pode ter consequências sombrias.

Somente a elaboração de uma proposta de alteração na Lei, tecnicamente bem fundamentada e originada por uma entidade independente e sem interesses particulares, poderá dobrar a resistência. Temos que transformar o nosso querido IBGC em uma referência influenciadora de mudanças que beneficiam o “mercado”, reduzindo o custo das sociedades anônimas.

Os investidores tradicionalistas, que gostam de trabalhar com papel, poderiam buscar o conjunto de demonstrações financeiras na sede da empresa ou optar por recebê-las em casa, mediante ressarcimento. Imagino que alguns jornalistas amigos irão reclamar, até xingar talvez, mas o desafio de buscar fontes de recursos alternativas para a imprensa tradicional é uma questão mundial. Poupem-me das críticas, por favor, afinal não sou o inventor da WEB.

Criar uma política de “advocacy” é fundamental para fazer o IBGC crescer. Educar é bom, mas transformar é melhor ainda.

Por fim, para aqueles que me perguntam a razão do meu nome não constar da lista oficial de “indicados” pelo IBGC peço dar uma olhada nos comentários publicados na postagem da semana passada. Parece que quem fala incomoda.

Se você é filiado ao IBGC e considera que um ativista comprometido pode ajudar, eu peço o seu apoio/solicito o seu voto.

Abraços a todos,
Renato Chaves

Comentários

  1. Eu tenho a mesma opinião que você e sempre que posso toco neste assunto em meu blog e em minhas aulas. Precisamos mudar isso urgente. E, segundo a própria Capital Aberto: nenhum mercado relevante obriga as empresas a publicarem em jornal.

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  2. É isso aí Renato. Contribuo com uma citação de um de meus economistas favoritos, J.Schumpeter: "novos produtos e novos métodos competem com os velhos ... não nos mesmos termos, mas com uma vantagem decisiva que pode significar a morte dos últimos". É um movimento sem volta sobretudo no mundo atual. No caso, "reinventar a documentação", já que comunicação à base de cartas e do fio de cobre ficou para trás, já era ...
    Abs
    Artur Damasceno

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    1. Grato Artur e Luiz Felipe pelos comentários.
      Abraços,
      Renato Chaves

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  3. Caro Roberto,
    Só para entender....
    A CVM 547 não é um avanço ?

    Um abraço,

    Nelson Raso

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  4. Concordo. Mas dizem que o lobby que emperra não é o do principal jornal de negócios do país (chuto que metade da sua receita é de publicidade legal); mas da imprensa oficial, caríssima, com forte lobby no congresso. É mais do que um anacrônico. Trata-se de custo Brasil. Veja que o próprio fisco não aceita mais IRPF em papel e espera receber 27 milhões de declarações! Que tal sugerir que as empresas destaquem quanto pagam de publicidade legal e deem nos nomes das empresas para quais fazem pagamentos?
    Silvia Pereira

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    1. Silvia,
      Já ouvi de um ex dirigente da CVM que não existem condições de enfrentar o lobby da Imprensa Nacional no Congresso. A sua ideia de destacar o gasto com esse tipo de publicação é excelente.
      Abraços,

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  5. Caro Nelson,
    Realmente a CVM 547 é um avanço, mas não resolve a questão da publicação obrigatória das DFs. Só mudando a Lei 6404.
    Abraços,

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  6. Meus caros, tenho participado deste debate desde os anos 90. Participei da Comissão Consultiva de Normas Contábeis da CVM por muitos anos como representante dos profissionais de investimentos (APIMEC). Nesta comissão coordenada pela CVM também haviam representantes da ABRASCA, CFC, IBRACON, FIPECAFI e alguns convidados notáveis. Ela deu origem ao CPC.
    Quando da mudança da parte contábil da Lei das S.A., colocamos a sugestão de mudança em relação às publicações, principalmente em relação aos diários oficiais que tem um custo 13 vezes maior do que em jornais de grande circulação. Todas as principais entidades de mercado apoiaram estas sugestões, inclusive a CVM que liderou a organização e o encaminhamento via Ministério da Fazenda, do projeto de lei ao Congresso. Pois bem, para não alongar, o ponto específico de retirada das publicações dos diários oficiais acabou por emperrar o projeto por 10 anos e gerou a queda do relator na época. Todos estão novamente tocando neste assunto e espera-se que possamos evoluir, não será fácil, MAS PRECISAMOS CONTINUAR A TENTAR . Abraços. HAROLDO LEVY

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  7. Caro Haroldo,
    Realmente a resistência é enorme. E considerando os conflitos dos outros agentes citados por você avalio que somente o IBGC tem a capacidade de liderar um movimento para mudar a Lei, por conta da sua independência e compromisso conceitual com as boas práticas.
    Abraços,

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