Qual o melhor momento para trocar o CEO?

(da série “Polêmicas na GC”)
O planejamento de sucessão tem sido abordado regularmente aqui no Blog. Acho que ninguém discorda que a preocupação do investidor com a continuidade de um projeto vitorioso, calcado em lideranças positivas para a Cia., é legítima e deve ser tratada com atenção pelo CAdm – o caso recente da Apple é emblemático.

Mas se por um lado a preocupação com a substituição de executivos é preventiva, seja por perda para o mercado ou mesmo por uma fatalidade, a substituição programada deve estar inserida no radar do CAdm. Um grande amigo defende a teoria de que todo CEO deveria ser contratado com um prazo de validade; isso evitaria discussões intermináveis na hora da troca (tem situação que parece chiclete na boca de velho vai de um lado para o outro mas não sai do salão).

Mas quando o Conselho deve substituir um executivo, especialmente o CEO?

Pensando alto, avalio que algumas perguntas devem ser colocadas na mesa com regularidade, para que algumas decisões possam ser tomadas antes que seja tarde demais:

·         Qual era o momento da Cia. quando o CEO foi contratado?
·         O CEO “entregou” o que se esperava (reestruturação, crescimento ou condução de um processo de fusão de empresas)?
·         Se não entregou, quais as causas? (às vezes os sócios não ofereceram condições favoráveis...)
·         O perfil do CEO é adequado para o momento atual da Cia (suas habilidades e competências)?
·         O longo tempo de permanência no cargo está fragilizando os controles internos, fruto de uma acomodação natural das pessoas?
·         O CEO boicota discretamente a formação de potenciais sucessores como forma de perpetuação no cargo? (sintomas: o CFO muda a cada 18 meses, o CEO dá pouco espaço para os demais executivos nas reuniões do Conselho, o CEO acumula as funções de DRI...)
·         A soberba está fazendo com que o CEO se sinta(sempre) a pessoa mais importante da Cia?(sintomas: crescimento do staff, exigência de elevador privativo na sede da Cia., compra de aviões, etc)

É muito difícil responder o prazo de validade de um CEO. Mas lá vai um palpite, fruto da experiência (e da participação em processos de substituição, alguns traumáticos): 8 anos, no máximo, no máximo, 10 anos. Qual a lógica? Se o executivo não terminou o projeto em 8 anos ele provavelmente falhou e se o projeto foi formatado para durar mais que 8 anos, provavelmente o projeto foi mal formatado.

Abraços a todos e uma boa semana,
Renato Chaves

Comentários

  1. Renato,
    Acho que a avaliação formal do CEO pelo CAD já é um bom começo. Poucos conselhos fazem.
    Abs
    Joaquim Castro

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  2. Prezado Joaquim,
    Sem dúvida, mas mesmo os conselhos que avaliam formalmente os CEOs o fazem priorizando métricas financeiras, sem avaliar o "momento" da empresa, o perfil do CEO e suas habilidades.
    Um abraço,
    Renato Chaves

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